O diagnóstico do transtorno do espectro autista é essencialmente clínico, ou seja, não existe um exame físico ou marcador biológico que comprove o diagnóstico. Ele é realizado a partir da identificação de um conjunto de sinais e sintomas identificados por uma equipe interdisciplinar que envolve médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. Estes sinais e sintomas são definidos a partir de resultados de pesquisas, reunidos de forma objetiva e divulgados nos manuais diagnósticos. Poderia parecer simples realizar o diagnóstico a partir desses critérios, mas na prática isso não acontece. Os principais motivos envolvem a heterogeneidade da manifestação dos diferentes sintomas, bem como os diferentes níveis dentro do espectro. Outro aspecto são as características individuais, já que todas as pessoas são diferentes no seu conjunto de habilidades e traços de personalidade. O autista pode apresentar diferentes níveis de inteligência, assim como diferentes habilidades específicas como a leitura, memória, habilidades sociais, enfim, todas que englobam o potencial do ser-humano.
O testes anteriores não eram suficientemente confiáveis, e continham alta margem de erro. Por isso foi criado por um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos em 1989, o teste ADOS-2 - Autism Diagnostic Observation Schedule (Protocolo de Observação para o Diagnóstico de Autismo). O ADOS-2 é um instrumento que permite uma avaliação padronizada e semiestruturada da comunicação, interação social, do jogo e uso imaginativo dos materiais, e as condutas repetitivas e restritivas de crianças, jovens e adultos com suspeita de transtorno do espectro autista. Ele é composto de cinco módulos, e cada um deles contém atividades padronizadas distintas que foram desenvolvidas para evocar comportamentos que estão diretamente relacionados ao transtorno o espectro autista em distintos níveis de desenvolvimento e idades cronológicas. Para definição do módulo de aplicação, é importante considerar o nível de linguagem expressiva do paciente, assim como a idade cronológica e a adequação dos materiais de avaliação ao seu nível de maturidade.
O ADOS é considerado um instrumento padrão-ouro para o diagnóstico do autismo, ou seja, é o melhor instrumento disponível, pois oferece alta capacidade de identificar os pacientes com suspeita de autismo que são realmente autistas. Mas é importante frisar que a aplicação do ADOS-2 é complementar à avaliação médica e neuropsicológica. O instrumento contribui com informações importantes para o diagnóstico diferencial, que será dado pelo médico, e, além disso, é frequentemente necessária a aplicação de instrumentos adicionais para mensuração de outras habilidades cognitivas como linguagem, inteligência, entre outras, que são importantes na definição do nível de autismo e na identificação do perfil, para apoio ao processo de intervenção. O ADOS-2 pode ser aplicado em crianças a partir de um ano de idade, o que contribui muito para a identificação precoce e o enorme benefício que a intervenção também precoce possibilita ao desenvolvimento e ao prognóstico.
Luciana Freitas
Referência bibliográfica
Lord C, Rutter M, DiLavore PC, Risi S, Gotham K, Bishop SL. Autism Diagnostic Observation Schedule. 2nd. Torrance, CA: Western Psychological Services; 2012.
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