Todos sabemos que o TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição até certo ponto complexa e muitas vezes confusa. Muito dessa “confusão” se faz por não ter um teste biológico para a identificação, se você mesmo olhar DSM- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais vai encontrar cerca de 18 critérios, e uma lista de sintomas com mas de 100 características.
Nós profissionais tentamos sempre que possível estabelecer uma maneira simples, clara e objetiva de identificar o TDAH e principalmente as dificuldades que o paciente com este quadro apresenta, para tomarmos as medidas adequadas, mas nem sempre isso é fácil, e a principal característica que temos que ter em mente ao analisarmos essa pessoas é entender que o cérebro de uma pessoa com TDAH é um cérebro especial que regula tanto a atenção, quanto as emoções de maneira muita diferente das pessoas que não tem TDAH.
UM BENDITO TRANSTORNO
Sempre discuti se não poderíamos abandonar o termo “TRANSTORNO” uma vez que este termo soa pejorativamente, indicando que o portador de TDAH teria uma desordem CEREBRAL por completo, parece que estamos falando de um sistema nervoso, um cérebro danificado, defeituoso. Quando olhamos na prática essas pessoas tem pontos positivos por causa do “transtorno”. Na realidade não deveríamos pensar em um CEREBRO com defeito, mas sim em um cérebro que joga com as suas próprias regras e se o fizer bem, tudo dará certo.
Eu sei, temos sim uma associação entre TDAH e dificuldades do aprendizado em muitas pessoas, mas quem disse que pessoas com TDAH tem a eficiência intelectual abaixo da média das pessoas neurotípicas. Ouso dizer que algumas delas desenvolvem um próprio sistema de aprendizagem para burlar as ditas dificuldades do aprendizado, isso não poderia ser considerado uma pessoa até mais eficiente intelectualmente?
Adultos com TDAH tem uma mente inquieta, quando conversamos com eles facilmente descobrimos, três, quatro ou até mais ideias em mente ao mesmo tempo, aos desavisados poderiam falar que se trata de desatenção, quando na realidade se trata apenas de uma atenção inconsistente.
O MOMENTO DESATENTO CRIATIVO
Todos com TDAH passam por “momentos desatentos criativos” pelo menos quatro ou cinco vezes ao dia, são aqueles momentos em que a pessoa parece estar voando nos seus próprios pensamentos, nestes momentos acredito que as funções executivas podem estar funcionando adequadamente.
Estes “momentos desatentos criativos” muitas vezes aparecem principalmente quando a pessoa com TDAH está muito interessada ou intrigada com o que está fazendo, não seria um CÉREBRO baseado em interesses? O problema é que muitas pessoas próximas veem essa característica como não confiável, ou até mesmo egoísta. Uma outra forma das pessoas entrarem neste “momento desatento criativo” se faz quando essas pessoas são desafiadas, ou encorajadas em um ambiente competitivo.
As pessoas com TDAH tendem a entrar nestes “momentos desatentos criativos” principalmente diante de uma urgência ou de uma emergência, por outro lado se eles vislumbram este momento, tendem a procrastinar. Essas pessoas vão com certeza concluir o seu trabalho, mas não podem começar essa tarefa antes que ela se torne interessante, desafiador ou urgente.
Este artigo já está ficando grande demais, acho que ele tem componentes interessante (TÍTULO), desafiador (UM BENDITO TRANSTORNO) e urgente (O MOMENTO DESATENTO CRIATIVO), mas acho que está ficando grande demais, como suspeito que quem irá ler pode ser TDAH, vou parando por aqui e prometo fazer o artigo Segredos do cérebro das pessoas com TDAH parte II.
Dr. Marcone Oliveira – Médico Neuropediatra
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