No nosso primeiro artigo escrevi um pouco sobre o cérebro da pessoa com TDAH, se você não se lembra eu falei sobre o TDAH não ser um “transtorno” porque este termo nos dá a impressão de um cérebro defeituoso, quando não é; falei que este cérebro tem momentos desatentos criativos e que ele funciona melhor quando é desafiado, sobre urgência e quando está diante de coisas interessantes.
No artigo de hoje, gostaria de leva-lo a pensar em como funciona o cérebro das pessoas “normais”, odeio este termo vou preferir usar o termo “neurotípicos”, que são os outros aproximadamente 90% da população. Quando você leu o primeiro artigo, talvez você pensasse, mas todas as pessoas agem melhor, quando estão diante de algo urgente, interessante ou desafiador, provavelmente você está certo, mas o que eu percebo é que para as pessoas neurotípicas essas questões não são um pré-requisito para fazer a ação, como acontece nas pessoas com TDAH, nas neurotípicas, essas questões são apenas um complemento a ação.
Quando olhamos mais de perto e neurologicamente, descobrimos que as pessoas neurotípicas usam três para decidir o que fazer, como fazer e como continuar fazendo até que a tarefa seja concluida:
1- Levam em consideração a importância daquela tarefa, assim definem se deveriam ou não fazer.
2- Levam em consideração a importância secundária, ou seja, como pessoas que ele admira acham que a tarefa é importante e deve ou não ser concluída, geralmente essas pessoas são pais, professores, amigos, chefe, namorada.
3- Por último essas pessoas levam em consideração como serão recompensados se o fizer e como serão punidos se não concluir.
Uma pessoa com um cérebro de TDAH literalmente não usa a ideia de recompensa para iniciar e executar uma tarefa, elas até sabem que a recompensa é importante, gostam da recompensa, odeiam ser punidas, mas para elas essas “coisas” que estimulam o resto do mundo são simplesmente irritantes. O problema é que muitas vezes não usar essa estratégia de recompensa pode trazer consequências para o resto da vida.
Como as pessoas com TDAH podem escolher entre várias opções, se não podem usar os conceitos de importância e recompensas financeiras para motivá-las?
Isso explica muitas vezes a necessidade em manter tratamentos para as pessoas com TDAH através da TCC – Terapia Cognitivo Comportamental se faz necessária por muito tempo, pois se param com essas intervenções não veem benefício duradouro. Como já havia falado, não estamos diante de um cérebro defeituoso, mas sim de um cérebro que funciona de acordo com as suas próprias regras, infelizmente eles geralmente não funcionam de acordo com regras ou técnicas que estimulam as pessoas neurotípicas.
Após ter entendido essas questões vou lhe perguntar outras questões; você acha que pessoas com TDAH se enquadram no padrão realizado hoje na maioria das nas escolas, em que se baseia na repetição daquilo que alguém acha importante e relevante? Você acha que pessoas com TDAH irá conseguir se sobressair em um trabalho que os chefes o colocam para fazer o que os chefes acham interessante? Você acha que uma pessoa com TDAH irá conseguir manter um casamento com outra pessoa que não seja no mínimo, ousada, intrigante, exploradora de novos desafios? Espero que você consiga responder.
Então, estes dias tenho escrito muito, estou tendo que me conter para as regras sem levar em consideração a importância da tarefa, a importância secundária da tarefa e nem a recompensa ou punição por não concluir este artigo, mas se me permitem farei o SEGREDOS DO CÉREBRO DE UMA PESSOA COM TDAH – Parte III, pois ainda tenho muita coisa para te contar.
Dr. Marcone Oliveira – Médico neuropediatra
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